São Paulo: Em greve, professores estaduais pedem ajuda a Haddad em negociações
Educadores querem que Alckmin reconheça paralisação como representativa da categoria; prefeito ficou desconfortável
SÃO PAULO - Ao chegar para uma visita a uma unidade de
saúde na zona norte da capital, o prefeito Fernando Haddad (PT) ouviu
gritos de professores estaduais em greve que protestavam no local. Eles
gritavam "Greve, greve" a cerca de 50 metros de onde passava o prefeito.
Haddad chegou a andar na direção deles, sinalizar uma pergunta se
gostariam de conversar e, ao receber também por gestos a resposta
negativa, voltou para seu trajeto.
Desconfortável, Haddad mostrou solidariedade tanto com a categoria
como com o governo estadual e, ao final, comprometeu-se a entrar em
contato com o secretário estadual de Educação, Herman Jacobus Cornelis
Voorwald.
"Chegando ao gabinete, vou dizer que encontrei vocês aqui, que ouvi
a manifestação de vocês e vou ligar para ele e dizer do nosso encontro,
quem sabe isso colabore", afirmou o prefeito.
Haddad disse que não poderia fazer um pronunciamento e tentou
explicar que seria uma interferência de esferas de gestão, mas afirmou
ser solidário aos movimento dos professores. "Cada rede (de ensino)
tem seus problemas para resolver. Na rede municipal, a gente tem
problemas também. Eu desejo que se estabeleça uma mesa de negociação,
desejo que o secretário de Estado possa recebê-los. Agora, eu não sei os
desafios colocados para ele, o orçamento dele", explicou o prefeito.
"Me solidarizo com vocês, desejo que vocês tenham uma abertura para
o diálogo, desejo que vocês também tenham espírito aberto para ouvir o
secretário. E, para nós, se uma escola estadual no município está
fechada é um problema do prefeito também, porque aquelas crianças e
jovens vão acabar prejudicados", completou.
Os professores reivindicam que o governo estadual reconheça a greve como representativa da categoria. "Ilegalmente, ele (governo) está
passando por cima da categoria que aprovou em assembleia de forma
majoritária uma greve que ele não reconhece. A gente quer hoje que o
governo abra as negociações e que ele reconheça nossa greve", disse a
professora Marcela de Campos Costa.
"Somos 86 mil professores em greve e ele ainda não está
reconhecendo a greve. Somos 210 mil em todo o Estado", disse Lucas
Marfim.
Já a professora de Português Paula Carvalho declarou que o
governador Geraldo Alckmin (PSDB) deu aumento de "mentira". "O
governador disse que deu aumento de 45%. É mentira. Ganho R$ 140 de
vale-alimentação. Quero ver se algum desses políticos sobrevive com esse
salário", reclamou.
"Não tem material, estrutura, livro didático. Ele quer que a gente
faça milagre. O Alckmin cortou 30% das verbas. As escolas estão sem
papel higiênico, sem material e sem estrutura porque ele cortou dinheiro
da educação", disse a professora. "Não tem dinheiro na escola estadual
pra pintar escola, pra limpeza, pra sala de computador."
Os professores da rede estadual estão em greve desde a sexta-feira,
13, quando ocorreram as manifestações da centrais sindicais, antes do
domingo, 15, quando aconteceram os protestos contra o governo Dilma
Rousseff (PT).
Na ocasião, Alckmin lamentou por meio de nota a "decretação de uma
greve decidida por um pequeno número de pessoas, nem todas professores,
em meio a uma manifestação de cunho partidário e sem que tenha havido
qualquer iniciativa de diálogo".
Do Estadão
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