Procurador diz que pena de corrupção é "piada de mau gosto" no Brasil

O procurador defende o aumento da pena para o crime de mínimo de quatro
anos e máximo de 25. Hoje, a punição varia de dois a 12 anos de prisão.
Pela proposta, também passa a ser hediondo o crime de corrupção quando
valor for superior a 100 salários mínimos --aproximadamente R$ 80 mil.
Nesta sexta-feira, o Ministério Público Federal apresentou dez medidas para enfretamento da corrupção no País. A ideia é apresentar ante projetos de lei ao Congresso Nacional sobre os
temas propostos. Uma das sugestões é aumentar penas também de tipos
penais relacionados à corrupção, como estelionato.
Para Dallagnol, o número de delações premiadas deve aumentar com o aumento da pena de corrupção.
"À medida que você aumenta as penas, aumenta as buscas da defesa por
soluções alternativas", disse o procurador, que conduz as investigações
no Paraná, que já contaram com delação premiada do ex-diretor da
Petrobras Paulo Roberto Costa, do doleiro Alberto Youssef, do ex-gerente
da estatal Pedro Barusco e de executivos de empresas como a Camargo
Corrêa e Toyo Setal, além do operador Shinko Nakandakari.
O anteprojeto de lei que o Ministério Público Federal vai enviar ao
Congresso prevê penas maiores para a corrupção e gradação de acordo com o
valor desviado. A proposta é que para prejuízos de até R$ 78 mil, a
pena de corrupção ativa e passiva varie de 4 a 12 anos.
Nos casos de desvio entre R$ 78,8 mil e R$ 788 mil, a pena seria de 7 a
15 anos. Quando o prejuízo for superior a R$ 788 mil e inferior a R$
7,8 milhões, a pena seria de 10 a 18 anos. Já para casos de mais de R$
7,8 milhões, a punição seria máxima: entre 12 e 25 anos de prisão.
Também são previstos aumentos e gradações nos casos de peculato,
inserção de dados falsos em sistema de informações, concussão,
estelionato e excesso de exação qualificada.
"A pena começa com dois anos, depois é substituída por restritiva de
direitos, depois extinta com decreto de indulto natalino", criticou
Dallagnol, sobre o sistema atual, ao defender proposta da procuradoria
para aumentar as penas de corrupção.
No início de março, o ex-presidente do PT José Genoino, condenado no
processo do mensalão, foi beneficiado pelo indulto natalino e teve
extinta a pena imposta pelo Supremo Tribunal Federal por corrupção
ativa. Todo o núcleo político do mensalão cumpre atualmente pena em
regime aberto, no qual podem permanecer em casa.
Uma das intenções com o aumento da pena é evitar que a prisão seja
substituída por outras punições, restritivas de direitos. Isso porque
réus de crimes de colarinho branco normalmente são primários e por isso
as penas ficam próximas ao mínimo legal. Os procuradores também desejam
evitar a prescrição dos crimes.
Dallagnol menciona que a corrupção é "semelhante" ao latrocínio - roubo
seguido de morte -, pois há desvio de altos valores e "pessoas sofrendo
consequências como morte inclusive, por falta de hospitais, segurança e
saneamento básico"Do Estadão
Post a Comment