Egito pede à ONU que intervenha militarmente na Líbia
O Egito deu, nesta
terça-feira, um passo à frente para pedir á ONU uma intervenção
internacional na Líbia, um dia após ataques aéreos contra posições do
grupo Estado Islâmico (EI) no país vizinho.
Ainda
se desconhece o balanço dos bombardeios egípcios na Líbia, um país
mergulhado no caos e dividido em diferentes redutos de milícias,
algumas jihadistas.
França e Itália também pedem desde
segunda-feira uma reunião do Conselho de Segurança da ONU para aprovar
"novas medidas" na Líbia.
Roma está preparada para comprometer-se
militarmente, mas só o fará tutelada pela ONU e dentro de uma operação
de manutenção da paz, lembrou o chefe do governo italiano Mateo Renzi,
que pediu ao Egito para que não ceda "à histeria e a uma reação
irracional".
O presidente Abdel Fatah al Sissi não precisou de muitas horas para
enviar a aviação egípcia contra a filial líbia do EI, que acabava de
reivindicar em vídeo a decapitação de 21 cristãos coptas egípcios.
"Não
tivemos outra opção. Considerando que o povo esteja de acordo que
atuemos para restabelecer a segurança e a estabilidade no país",
declarou o presidente egípcio em entrevista à rádio francesa Europe 1.
"O
que está acontecendo na Líbia vai converter este país em um viveiro que
ameaçará o conjunto da região, não apenas o Egito, como toda a bacia
mediterrânea e a Europa", afirmou o presidente egípcio.
O marechal
reformado se lançou contra o terrorismo desde que começou a dirigir o
país árabe mais populoso - e mais potente militarmente - com mãos de
ferro, após ter destituído seu predecessor, Mohamed Mursi.
- Braço do EI no Sinai -
"É
preciso tratar este problema porque a missão de nossos amigos europeus
não foi bem sucedida", disse al-Sissi, em referência à intervenção que
acabou com o regime de Muamar Kadafi em 2011. "Abandonamos o povo líbio,
que virou prisioneiro de milícias extremistas", acrescentou.
Nenhuma
informação foi filtrada sobre o balanço da ofensiva egípcia, nem sobre
sua eventual continuação. Procurados pela AFP, governo e exército
egípcios não quiseram falar sobre o assunto após a finalização da
intervenção aérea na segunda-feira.
"Estaria disposto a
bombardear novamente?" perguntou o jornalista da Europe 1 a Sissi.
"Precisamos fazer isso, mas juntos", rebateu, segundo as traduções
feitas pela rádio.
O ministro egípcio de Assuntos Exteriores,
Sameh Chukri, está em Nova York para pedir uma reunião do Conselho de
Segurança da ONU, declarou seu porta-voz, Badr Abdelaty.
A chefe
da diplomacia europeia, Federica Mogherini, se reunirá com as
autoridades egípcias e norte-americanas esta semana para tratar sobre
uma possível ação comum na Líbia, sem pleitear nenhum papel militar por
parte da UE.
As decapitações dos 21 egípcios cristãos coptas no
domingo por um braço líbio do Estado Islâmico são prova de que a
organização jihadista exportou seus métodos brutais para fora das
regiões que controla na Síria e no Iraque, onde multiplicou suas
atrocidades.
O Egito, vizinho da Líbia, está sob pressão. Seu
exército está combatendo no Sinai, leste do país, a insurreição do grupo
jihadista Ansar Beit al Maqdis, que jurou fidelidade ao EI em novembro.
Este grupo reivindicou em 10 de fevereiro em um vídeo a decapitação de
oito homens acusados de espionar para os militares e para Israel.
Ansar
cometeu inúmeros atentados mortais contra as forças de segurança
egípcias, reagindo com represálias pela repressão contra os islamitas.
Desde a queda de Mursi, policiais e soldados mataram mais de 1.400 de
seus guerrilheiros em manifestações e prenderam mais de 15.000
simpatizantes de Ansar. Centenas deles foram condenados à morte em
julgamentos em massa.
Por AFP
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