Goldman assume golpismo: 'pode não haver saída'
O ex-governador de São Paulo Alberto
Goldman, que é também vice-presidente do PSDB, assumiu sua inclinação
golpista em artigo publicado nesta terça-feira na Folha de S. Paulo.
Mais do que simplesmente pregar a
derrubada da presidente Dilma Rousseff, ele afirmou que uma das
condições para que isso aconteça é a deterioração das condições
econômicas.
Ou seja: Goldman aposta no 'quanto
pior, melhor', o que talvez explique o silêncio do PSDB diante do risco
de várias empresas atingidas pela Operação Lava Jato.
Estamos iniciando um longo e
dramático período político em nosso país. Longo, porque o mandato
presidencial é de quatro anos. Dramático, porque Dilma Rousseff e seu
partido não têm condições políticas e morais para conduzir o país por
mais muito tempo.
Para não se apresentar confessando o
estelionato eleitoral, Dilma entregou à nova equipe econômica a missão
de implantar medidas de sacrifício da população --que durante a campanha
eleitoral dizia que a oposição imporia à nação--, na busca desesperada
de superar a estagnação produzida por sua política desastrosa.
Sem autocrítica, pelo contrário, em
uma atitude covarde, procura arrastar o PSDB para o mar de lama em que
está metida, ao afirmar que, se antes tivesse o governo FHC investigado e
punido, não teríamos o que temos agora.
Esconde a sua responsabilidade na
articulação de diretores da Petrobras e de seus fornecedores com os
partidos de sua base, que objetivou o saque de recursos públicos para
suas campanhas (e o enriquecimento de muitos) --o que, agora, emerge de
maneira avassaladora.
É isso que destrói toda e qualquer condição moral de condução do país por parte da presidente Dilma Rousseff e seu ministério.
Dilma tratou de montar um ministério
com figuras que representam agrupamentos partidários ou grupos de
interesse que possam lhe dar o respaldo necessário no Congresso
Nacional, para evitar um possível pedido de seu afastamento definitivo
do cargo, nos termos da Constituição em vigor, uma sobrevida difícil de
obter.
O governo petista está moribundo, e o
partido continuará existindo como uma pálida imagem do que já foi no
passado, quando, moralmente inatacável, pretendia ser o condutor de uma
transformação profunda na sociedade brasileira.
No governo, liderado pelo seu grande
chefe, Luiz Inácio Lula da Silva, o PT se corrompeu ao buscar, a
qualquer preço, a manutenção do poder.
O projeto de uma nova sociedade se
frustrou, transformando-se em projetos de subsistência de milhões de
brasileiros que vivem na pobreza, mantidos nessas condições para
garantir o controle dos seus votos. Não passa disso.
Os resultados eleitorais foram
colhidos, mas isso não garante ser possível conduzir o país, fazendo as
transformações necessárias para que ele possa avançar econômica, social e
politicamente.
Pelo contrário, a forma como esses
resultados foram obtidos impõe à presidente e ao seu partido a
necessidade de se legitimar perante a maioria do Brasil produtivo, que
não vive na dependência do Estado. Tarefa impossível.
O quadro atual é dramático também
para a oposição e para os milhões de brasileiros que não veem no governo
atual condições para vencer a crise.
Como levar adiante uma transição nos
limites da democracia constitucional em que vivemos, rejeitando
firmemente qualquer solução que não seja legal, sem ter de aguardar
quatro anos para que o país possa abraçar um caminho que abra novas
perspectivas de desenvolvimento e de melhoria das condições de vida de
nosso povo? Esse é o desafio que está colocado para nós.
Sobra o caminho legal do
impedimento, que só acontecerá se o agravamento das condições econômicas
e políticas persistirem a ponto de mobilizar o povo e os partidos para
uma solução que, de qualquer forma, ainda que legal e democrática, não
deixa de ser traumática.
Mas o próprio Lula já declarou, após
a queda de Collor, que o povo brasileiro mostrou que o mesmo povo que
elegeu um presidente pode tirá-lo. E pode, legalmente!
Pode não haver outra saída.
Do Brasil 247
Post a Comment