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"Este País é uma ditadura disfarçada de democracia", diz mãe de jovem desaparecido na Bahia


Rute Fiuza, mãe de Davi Fiuza, adolescente de 16 anos desaparecido há mais de 40 dias em Salvador, fala sobre a angústia de não ter informações do filho. No dia 4 de dezembro, Rute se juntou a outros pais e procurou a AI (Anistia Internacional), no Estado do Rio de Janeiro, para buscar apoio. Para Rute, a única forma de ter alguma resposta perante a lei, era procurando um órgão que não tivesse envolvimento com a polícia.

— Neste País não há justiça. Por mais que a gente corra atrás, nada acontece. Eu quis que a ONU soubesse. Inclusive, eles se interessaram por minha fala, quando digo que este País é uma ditadura disfarçada de democracia. São muitos sumiços forçados. Eles pegam estas pessoas e levam para onde?

Após a visita de Rute à Anistia, foi lançada uma campanha mundial para pressionar o governo baiano a dar alguma resposta. Através da "Ação Urgente", mais de 100 países que tem o escritório da AI divulgam o caso e geram uma mobilização por parte de ativistas, que enviam cartas e mensagens ao governo baiano, por meio das embaixadas.

Rute contou que está sendo ameaçada nas redes sociais e também por mensagens de SMS. Segundo a AI, uma dessas ameaças mostrava imagens de mulheres estupradas e esfaqueadas junto a uma mensagem que dizia “é assim que a gente faz com mulheres fortes”. Rute tem quatro filhas e agora teme pela segurança delas, bem como pela sua própria.

— Deixei todas as provas com a Anistia para entregarem à ONU. Fizeram uma reunião para me garantir proteção aqui, mas acho essa proteção do Governo tão frágil.

De acordo com Alexandre Ciconello, assessor de Direitos Humanos, um grupo da ONU, que cuida de casos de desaparecimento, soube do sumiço de Davi e procurou a AI para formalizarem a denúncia. O representante da Anistia afirmou que vai denunciar o governo brasileiro à ONU pela falta de respostas quanto aos sumiço do jovem baiano. Segundo Ciconello, o governo da Bahia tem uma dificuldade institucional em dar respostas aos casos.

— Eles precisam solucionar os casos, dizer onde foi parar o Davi  Fiuza. Precisam também apoiar as famílias na investigação dos crimes e dá um suporte quando elas são ameaçadas. Estes casos não podem ser arquivados.

Para Rute, é necessário ter repostas para os sumiços de tantos jovens brasileiros.

— São muitos casos. Lá na Anistia tinha pais de várias partes do País. Os casos são sempre com mesmo perfil. Eles pegam a pessoa, colocam dentro de um carro e nunca mais ninguém vê. É como nos tempos da ditadura.
Davi desapareceu na porta de casa, na Estrada Velha do Aeroporto, na capital baiana. A família do adolescente acusa policiais militares de terem participação no crime.
Do R7

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