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Teólogo lança manual e explica 780 passagens polêmicas na Bíblia


Após 40 anos de pesquisa, teólogo americano lança o livro "Manual de Dificuldades Bíblicas", ao lado do colega Thomas Howe, e tenta explicar 780 passagens polêmicas da Bíblia

A maioria das explicações dadas acerca de questionamentos sobre a Bíblia são baseadas na própria fé. No livro “Manual de Dificuldades Bíblicas”, os teólogos americanos Norman Geisler e Thomas Howe se propõem a explicar as passagens mais polêmicas do livro baseando-se também na lógica. Após um trabalho de pesquisa que durou 40 anos, a dupla destaca 780 passagens, que vão desde o conforto das acomodações na arca de Noé, em Gênesis, até questionamentos sobre a redondeza do planeta Terra, lá em Apocalipse.

Escrita sob tópicos de “problema” e “solução”, a obra é extremamente direta, sucinta, e passeia por todos os livros da Bíblia. O texto explica pontos de difícil compreensão da narrativa e traz as referências nas quais os teólogos se baseiam para criar os embates.

O argumento principal de Geisler para rebater os pontos rotulados como erros por ateus e demais críticos também é bastante direto: os erros estão na interpretação das escrituras e nunca no relato bíblico. Os autores argumentam que a história e a ciência ainda não alcançaram um nível de excelência para encontrar as respostas que confirmam o relato bíblico, e que é só uma questão de tempo até que isso aconteça.

Alguns dos erros apontados na interpretação bíblica parecem bem prosaicos, como sugerir que os números estão arredondados e nunca equivocados. Outros dependem de esticar um pouco a lógica, como quando tentam explicar divergências numéricas nos relatos de evangelistas como Mateus e João – eles defendem, por exemplo, não haver erro quando Mateus afirma ter visto um anjo no túmulo de Jesus, enquanto João diz ter visto dois: “onde quer que haja dois, sempre há um”.

Vão além, afirmando que só haveria comprovadamente o erro se o relato de Mateus desse conta de “apenas” um anjo, “então o erro não está na Bíblia, mas sim no seu crítico”.

Geisler não esconde que o livro foi realizado com propósitos de evangelizar e fornecer argumentos a quem crê. Segundo ele, a maioria das dificuldades respondidas foram enviadas por cristãos em busca de argumentos para responder aqueles que não creem.

O livro mais vendido do mundo, com mais de 6 bilhões de cópias, a Bíblia teve mais de 40 autores e ainda hoje suscita discussões e debates sobre sua veracidade e exatidão. Há diferenças até mesmo entre o conteúdo reconhecido pelas diversas religiões. O Antigo Testamento, por exemplo, possui 39 livros na Bíblia adotada pelos cristãos protestantes e pelo Tanakh judaico; a Igreja Católica reconhece 46, e a Ortodoxa, 51. Confira abaixo o bate-papo com o autor.

O que motivou o livro?Foi o grande aumento das disputas científicas sobre passagens da Bíblia?

Em parte sim, mas também a onda crescente de ataque contra a Bíblia em nossa cultura secular e, especialmente, ataques sobre a infalibilidade da Bíblia.

O livro levou 40 anos de estudos e pesquisas. Além da Bíblia, o que foi estudado?

Eu também usei comentários e outros livros teológicos e de análise bíblica. Fiz novas perguntas ao longo do tempo e também vou utilizá-las para responder a perguntas futuras.

Esta é uma versão revisada de um livro anterior. O que mudou de uma edição para outra? Algumas das respostas variaram com o tempo e estudo?

Novas questões exigem novas respostas. Esta última edição contém as últimas respostas para as perguntas mais recentes.

Qual foi a polêmica bíblica mais desafiante para explicar?

As perguntas mais difíceis vêm do conflito apontado entre o que diz a ciência moderna e o que está na Escritura. Como os pontos de vista da ciência mudam a cada momento, cada vez mais perguntas poderão de ser respondidas. Não é um trabalho terminado.

E como foram selecionados os trechos abordados no trabalho?

A maioria das perguntas veio de cristãos contestados pelos incrédulos.

Uma das perguntas diz como Caim pôde casar-se com uma mulher de seu parentesco sem cometer incesto? No início, apenas Adão, Eva, Abel e Caim povoavam a terra. Com a morte de Abel, ficaram Adão, Eva e Caim. Mas a Bíblia diz, em Gênesis, que Caim encontrou uma mulher com quem teve um filho chamado Enoque. De onde saiu essa mulher, mãe de Enoque?

Caim acabou se casando com uma irmã ou sobrinha, e lembram Gênesis 5.4: “Adão teve filhos e filhas” em seus 930 anos de idade. Nos dias de Caim ainda não existia um mandamento de Deus proibindo casamentos entre parentes próximos.

E o questionamento sobre Abraão ter cometido incesto ao casar-se com sua irmã, Sara?

Abraão admitiu que Sara, sua mulher, era realmente sua “irmã” (Gn 17:15-16). Contudo, o incesto é claramente denunciado como pecado em muitas passagens bíblicas (Lv 18:6; 20:17). De fato, o Senhor declarou: “Maldito aquele que se deitar com sua irmã, filha de seu pai ou filha de sua mãe” (Dt 27:22). Abraão admitiu que Sara era filha de seu pai, e não de sua mãe, e que ela veio a ser sua mulher posteriormente (Gn 20:12). Entretanto, mesmo assim, não há prova de que Abraão tivesse violado uma lei por ele conhecida. São duas razões: primeiro, as leis do incesto somente foram dadas por Moisés, 500 anos depois que Abraão já tinha morrido. Portanto, certamente ele não poderia ser responsabilizado por leis que ainda não tinham sido promulgadas e comunicadas aos homens.

O senhor diz, tanto no livro quanto em outras entrevistas, que as verdades científicas e espirituais são inseparáveis. Por que os significados simbólicos não são o suficientes para a fé?

Se não entender a Bíblia literalmente (pelo método gramatical e histórico), esse tipo de pensamento mina as doutrinas cristãs básicas e pode acabar por destruir o Cristianismo. Por exemplo, a morte e ressurreição de Cristo não pode ser tomada simbolicamente ou não há Evangelho (1 Cor. 15: 12-19). Ainda que a Bíblia seja a Palavra de Deus e, como tal, nela não possa haver erro algum, isso não significa que nela não haja dificuldades. Todavia, como o teólogo medieval Agostinho observou com muita sabedoria: “Se estamos perplexos por causa de qualquer aparente contradição nas Escrituras, não nos é permitido dizer que o autor desse livro tenha errado, mas ou o manuscrito utilizado tinha falhas, ou a tradução está errada, ou nós não entendemos o que está escrito”. Os erros não se acham na revelação de Deus, mas nas falhas interpretações dos homens.

A explicação sobre a Arca de Noé é muito baseada na boa vontade e em um pouco de senso comum. Você acha que falta boa vontade por parte de alguns críticos da Bíblia?

Talvez eles estejam tentando muito arduamente encontrar incongruências e acabam se tornando míopes para a relação de alguns fatos óbvios. Se você está apenas à procura de problemas, então você vai encontrá-los. Isso é óbvio! Eu trato a Bíblia como um amigo (porque foi ela que me transmitiu a mensagem da salvação). Assim, como a um amigo, eu lhe dou o benefício da dúvida. Se abordarmos a Bíblia com essa atitude, a maior parte dos problemas de interpretação desaparecem facilmente.

Um dos princípios do livro é basear-se no que é claro, e não construir ensinamentos nas passagens que ainda não conseguimos compreender bem. Como dito no livro, as coisas principais são as coisas claras, e as coisas claras são as coisas principais.

Algumas das explicações dependem de acreditar que a ciência humana não tem ainda as respostas às questões levantadas sobre as dificuldades da Bíblia. Não é essa a forma tradicional de defesa bíblica? Os estudos acabam na conclusão de que os cristãos que defendem a Bíblia baseada unicamente na fé estão certos?

A ciência está sempre progredindo. Então, o que é considerado fato hoje será descartado amanhã. Os cientistas têm fé na ciência e a fé não pode ser evitada. No entanto, precisamos ter uma fé razoável.

O senhor acredita que os cristãos ao redor do mundo devem defender a Bíblia?

A Bíblia ordena a todos os cristãos que deem uma razão para nossas crenças (1 Pedro 3:15) e respondam a cada pergunta (Col. 4: 5-6).

Fonte: A Gazeta

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