Criação de empregos formais cai 64% em 2014, para 396,9 mil vagas
Trata-se do pior resultado, para um ano fechado, desde 1999, diz governo.
Somente em dezembro, foram fechados 555,5 mil empregos com carteira.
O país gerou 396.993 vagas de empregos formais em 2014, segundo os
dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados
pelo Ministério do Trabalho e Emprego nesta sexta-feira (23).
O número de empregos criados em todo ano passado representa uma queda
de 64,4% em relação às vagas abertas em 2013 – que somaram 1,11 milhão. O
recorde de geração de empregos formais, para um ano fechado, aconteceu
em 2010, quando foram criadas 2,54 milhões de vagas.
O resultado de 2014 foi o pior para um ano, considerando a série
ajustada do Ministério do Trabalho, que tem início em 2002. Na série sem
ajustes, é o pior resultado desde 1999, quando foram fechadas
(demissões acima de contratações) 196 mil vagas formais de trabalho,
segundo números do Ministério do Trabalho.
Vagas ficaram abaixo da expectativa
O número do ano passado também ficou bem distante da estimativa do ministro do Trabalho, Manoel Dias, divulgada até meados de 2014. A previsão do ministro era de que seriam abertas, pelo menos, um milhão de vagas formais no último ano.
"Foi um ano atípico. Um ano de Copa, um ano de eleições. Um ano de
crise mundial. Isso tudo certamente influenciou na criação de novos
empregos", afirmou o ministro do Trabalho, Manoel Dias, nesta
sexta-feira em Florianópolis (SC).
Para este ano, Dias afirmou que o resultado será positivo: "Em 2015,
não haverá queda no emprego. Pode haver flutuações, mas o saldo será
positivo", apontou.
Ele descartou, ainda, reflexos por conta da crise da Petrobras, afetada
por denúncias de corrupção: "O Brasil não vai parar, e os empregos não
vão cessar pela questão da Petrobras. Eu, se tivesse ações para investir
agora, investiria na empresa, para longo prazo", afirmou.
Mês de dezembro
Somente no mês de dezembro, ainda de acordo com dados oficiais, houve o fechamento (demissões superaram contratações) de 555,5 mil empregos com carteira assinada. O mês de dezembro tradicionalmente registra demissões.
O ano passado, porém, registrou o pior resultado para um mês de
dezembro desde 2008 – quando houve o fechamento de 655 mil postos
formais de emprego. Naquele momento, a economia enfrentava a crise
financeira internacional, "inaugurada" em setembro de 2008 com o anúncio
de concordata do banco norte-americano Lehman Brothers.
Ano de 2014 por setores
O setor de serviços foi o que mais gerou postos de trabalho no ano passado. Foram 476.108 vagas, o que representa uma queda de 13% em relação ao número de empregos gerados em 2013 (546.917 vagas).
O comércio, por sua vez, gerou 180.814 vagas em 2014, o que representa
um recuo de 40% em relação às vagas abertas em 2013 (301.095 empregos),
enquanto que na administração pública foram 8.257 novos postos em 2014 –
o que representa uma queda de 63,8% em relação ao patamar do ano
anterior (22.841 vagas).
Na outra ponta, a indústria de transformação foi a que mais demitiu: o
setor cortou 163.817 postos de trabalho. Em 2013, a indústria havia
aberto 126.359 empregos com carteira assinada. Foi a primeira vez, pelo
menos, desde 2002 que a indústria registrou demissões líquidas (acima do
volume de contratações).
Segundo Manoel Dias, os cortes na indústria foram resultado da globalização e da falta de modernização das indústrias do país.
Houve cortes de emprego também na construção civil (-106.476) em 2014,
algo que não acontecia desde 2003, contra a abertura de 107.024 em 2013.
A indústria extrativa mineral também registrou 2.348 demissões em 2014,
contra a abertura de 2.680 vagas no ano anterior. A agropecuária
demitiu 370 trabalhadores no ano passado, enquanto que, em 2013, tinha
aberto 1.872 vagas. Pelo menos, desde 2002, a indústria extrativa
mineral e a agropecuária não faziam demissões no Brasil.
"Esse comportamento demonstra a continuidade na redução do ritmo de
crescimento de postos de trabalho formal, iniciada em anos anteriores.
De fato, a partir de 2010, o nível de emprego formal vem apresentando um
arrefecimento no ritmo de expansão de postos de trabalho", informou o
Ministério do Trabalho.
Regiões do país em 2014
Segundo números oficiais, o emprego formal cresceu em todas as regiões do país no ano passado. Entretanto, o ritmo de abertura de vagas também desacelerou (cresceu menos) em quatro das cinco regiões do país em 2014.
Em 2014, a Região Sudeste 121.689 empregos com carteira assinada, em
comparação com 476.495 no ano anterior. Ao mesmo tempo, a Região Sul
abriu 257.275 no último ano (contra 234.355 em 2013).
A região Centro-Oeste foi responsável pela abertura de 39.335 postos
formais de emprego de em 2014, em comparação com a criação de 127.767
vagas no ano anterior, enquanto que a Região Norte teve a abertura de
17.652 postos de trabalho com carteira assinada no ano passado (contra
62.318 em 2013).
A Região Nordeste, por sua vez, registrou a abertura de 99.522 empregos
com carteira em 2014, contra 193.316 vagas abertas no ano anterior.
Comentário: O Brasil está em crise e quem vai sofrer com esse problema são as regiões mais pobres.
Do G1, comentário Alerta Cidade
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